sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fazenda da Taquara.

Noronha Santos ( Diretor do Departamento de pesquisas Historicas do Centro Carioca)


A Fazenda remonta um dois mais antigos engenhos de Jacarepaguá, o Engenho da Taquara, a Sesmaria pertencia a Salvador Correia de Sá (o velho). Os seus limites iam da atual rua Edgard Werneck passando pelo largo do Tanque e projetando-se até a vertente Oriental do Maciço da Pedra Branca. No século XVII por compra, o domínio da gleba  torna-se a fazenda da Taquara. Passou então esta propriedade aos descendentes primôgenitos até chegar a Francisco Telles de Barreto de Menezes, bisavô do Barão da Taquara. Os pais do Barão da Taquara, Dona Ana Maria Telles de Menezes e Francisco Pinto da Fonseca, tiveram dois filhos, Maria Rosa da Fonseca Telles e Francisco Pinto da Fonseca Telles, o Barão da Taquara. A casa grande da fazenda foi reconstruida  em 1738 e existe até hoje, ao seu lado existe a Capela da Exaltação da Santa Cruz, sendo uma das mais antigas de Jacarepaguá. Havia uma ligação entre a família Telles de Menezes e Orleans de Bragança, o Barão da Taquara era afilhado de D. Pedro II, tendo servido também na 7 Cia do Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, por carta de 01.04.1867 o imperador, atendendo a relevantes serviços prestados na guerra do Paraguai, nomeou-o Comendador da Ordem da Rosa, em 21.10.1882 o Imperador lhe fez mercê do titulo de Barão da Taquara, o Barão foi um dos fundadores do Jockey Club Brasileiro e em cuja primeira corrida foi vencedor um cavalo de sua propriedade de nome Macaco, importou da Inglaterra dos dois primeiros potros de Raça-Capricho e Monarca. No Jornal do Comercio de 15.11.1843 ( 1 pg. Parte Oficial), está registrado, nos meses de Novembro e Dezembro de 1843, enfermado a princesa dona Janúaria, decidiu-se o Imperador D. Pedro II a hospedar-se por dois meses no engenho da Taquara, a fim de que S.A Imperial possa  restabelecer-se  da enfermidade, passando a dar ali DESPACHO aos negócios dos secretários de estado, em agradecimento á hospitalidade com a que fora recebido, o Imperador, por carta de 30.03.1844, nomeou Francisco Pinto da Fonseca, pai do barão, moço da Camâra Honórario do Imperial Guarda Roupa, e mais tarde, em 18.01.1853, Juiz de Paz da Freguesia de Jacarepaguá e vereador da Camâra Municipal da Corte, o comendador faleceu em 23.02.1865, sucedendo na propriedade seu filho Francisco Pinto  da Fonseca Telles aos 26 anos de idade, o Barão da Taquara. 
  O engenho da Taquara é tombado pelo IPHAN desde 30 julho de 1938 pelo então presidente Getúlio Vargas ( A placa comemorativa está resguardada como relíquia pela família a pedido da Matriarca ainda viva na época Dona Leopoldina Francisca de Andrade da Fonseca Telles, Baronesa da Taquara). A pedido do neto dos Barões da Taquara, Francisco Jose Telles Rudge, foi criada a APA ( Área de Proteção Ambiental), decreto 21.209 de 01.04.2002, com cerca de quase 100.000m² com objetivo de proteger todo entorno da casa grande e anexos do séc. XVII a XIX e em memória aos seus antepassados este mantenedor presenteou todos os moradores de Jacarepaguá com a APA da Fazenda da Taquara.
    A Fazenda da Taquara foi o berço do desenvolvimento de Jacarepaguá, devemos lutar pela sua preservação especialmente pelo seu entorno onde habita uma grande fauna e frondosa  árvores circulares em memória da nossa YACARE UPA GUA lagoa rasa dos jacarés, Jacarepaguá. Dos antigos engenhos da Cidade do Rio de Janeiro, Camorim ( Gonçalo de Sá), De fora ( Mato Alto), Da Serra ( Pau-Ferro), Engenho Novo ( N.Sra dos Remédios - Colônia), D'Água ( Visconde de Asseca)-Cidade de Deus,o engenho da Taquara foi o mais importante. Devemos a preservação deste Santuário a Francisco Jose Telles Rudge, neto do Barão da Taquara, pioneiro na luta em defesa do meio ambiente e que a mais de 50 anos vem lutando pela preservação, com recursos próprios, sem ajuda oficial.
 Infelizmente os livros de história tem omitido a participação da família  Telles de Menezes que se entrelaça com a família Imperial nesta importante fase de nossa História e no progresso da cidade do Rio de Janeiro.


                                                                    A.A.F.T
                                                 Associação Amigos da Fazenda da Taquara
                                                 Tel: 2446-8621/ 97937439
As informações históricas citadas são de responsabilidade do Presidente (Jocelino) do A.A.F.T !
e D.C.N.de Azevedo(Historiógrafo)


Arquivo Noph.

Ossos do Ofício ( IAB)








Casa da Fazenda do Capão do Bispo
Avenida suburbana n°: 4616 - Del Castilho - 
Hoje Avenida Dom Helder Camara n°: 4616
Rio de Janeiro - Estrada do Rio de Janeiro -
Antiga Estrada de Santa Cruz.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e  Artistico Nacional
Processo: 367-T-47
Livro: Belas Artes Volume 1
Inscrição n°: 311
Data: 30 de Agosto de 1947

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Barão de São Gonçalo !

                  Belarmino Ricardo de Siqueira.


   " Sua Majestade o Imperador houve por bem nomear por Carta Patente 22 do mês próximo pretérito, Comandante Superior da Guarda Nacional dos Municípios de Niterói e Magé ao Coronel Belarmino de Siqueira que nesta data prestou juramento e tomou posse -- o que de ordem do Exmo. Presidente da Província comunico à Câmara Municipal da Cidade de Niterói. Secretaria do Governo da Província do Rio de Janeiro, 26 de Julho de 1842.-- João Cândido de Jesus e Silva"
      Em 1849 o Imperador D. Pedro II concedeu-lhe o título de Barão conforme a cópia do Decreto, que transcreveremos:
      " Querendo distinguir e honrar Belarmino Siqueira: Hei por bem fazer-lhe mercê, em sua vida, do título de Barão de São Gonçalo. Palácio do Rio de Janeiro, em 18 de Abril de 1849, 28° da Independência e do Império". -- P. Visconde de Montalegre.
A sua longa vida foi profícua, atuando em diversos setores com grande eficiência. Era membro da Guarda Nacional, atingindo o alto posto de Comandante Superior das 1° e 15° Legiões dos Guardas Nacionais, respectivamente dos Municípios de Niterói e Magé, onde se houve, sempre, com grande patriotismo.
Foi amigo pessoal do Imperador D. Pedro II e hospedou o monarca várias vezes em suas fazendas ( Engenho Novo do Retiro e Colubandê). Recebeu o título de Barão e depois, o de Barão com Grandeza, sendo ainda agraciado com a condecoração da Imperial Ordem da Rosa.
Um homem que marcou com sua forte personalidade, um longo período da história fluminense. Era filho do Coronel José Siqueira Quintanilha e de D. Maria Antônia do Amaral; nasceu e foi batizado na Freguesia de N. Senhora de Nazaré, hoje Saquarema em 1791. Não se casou e deixou seus bens para as irmãs e sobrinhos.
No dia 9 de setembro de 1873, falecia em Niterói em sua residência á rua do Imperador ( Centro de Niterói).
Ocupou por muitos anos, o cargo de Provedor do Asilo de Santa Leopoldina, onde deu sobejas provas do seu espírito caritativo. Foi senhor de fazendas em São Gonçalo, possuindo as do Engenho Novo do Retiro e Cabuçu Pequeno e , em Araruama, a fazenda do Morro Grande, com plantação de cana-de-açúcar e criação de gado, tendo, para isso, grande escravaria.
Projetou-se como homem público, chegando a ocupar uma cadeira na Assembléia Provincial. Foi homem de negócios, empreendedor, tendo presidido a Companhia da Estrada de Magé e Sapucaia e, também foi Presidente da Companhia da Estrada de Mangaratiba, onde perdeu grande capital. Ocupou, o Barão, por algum tempo, o Presidência do Banco Rural Hipotecário.
O seu testamento e inventário, por nós consultados, deram-nos a idéia do montante de sua fortuna, e o que é mais importante ainda, o tamanho de sua bondade e amor ao próximo, pelas generosas doações ao asilo Santa Leopoldina e a Santa Casa.
Barão de São Gonçalo -Com Grandeza
Decretos:Em 18-04-1849 - Em 02-12-1854
Escudo:Esquartelado-No 1°  ,em campo de ouro,sete barras de azul,lançada em viez ;No2° ,também em campo de ouro, cinco estrela de góles, em aspas e assim os contrarios; bordadura de góles, e no centro,um escudete azul com uma colmeia e seis abelhas de prata.
(Em 31-12-1855.Cartório de Nobreza, Livro VL, fls.28).  




Antiga casa do Barão de São Gonçalo ( Fazenda Colubandê)

Fazenda do Engenho Novo do Retiro (SG)
 A Fazenda Engenho Novo era uma das pousadas preferidas da família Imperial, no Segundo Reinado. Ficou famoso o baile que foi dado ali em 07/04/1870, com a presença de toda a família Imperial. Na cave da casa grande foi escondido Gonçalves Ledo, quando teve sua prisão decretada por José Bonifácio no 1° Reinado. A fazenda foi desapropriada pelo governo estadual no ano de 1993 e tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural ( Inepac) em 1998. O tombamento inclui o sitio histórico e o conjunto arquitetônico e paisagistíco da sede antiga, com características arquitetônicas das casas rurais do séc. XVII e XVIII sendo esta fazenda uma das mais antigas de São Gonçalo. Lamentavelmente entregue à própria sorte, a fazenda foi invadida e saquiada nos ultimos anos, os velhos rapinadores de bens movéis, reliquias históricas perdidas pela inércia do poder público. É notório lembrarmos, quem conheceu a fazenda antes do tombamento que existia  sobre o pórtico da entrada principal, o brasão dos ancestrais de Belarmino Ricardo de Siqueira ( Barão de São Gonçalo). Em breve só teremos as ruínas desta velha e importantíssima sede de Fazenda, a memória viva da história  de São Gonçalo.



Fonte: Páginas de História Fluminense. -- (Pgs: 53,54,201,202)
Autora: Thalita de O. Casadei.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Fazenda Colubandê


São Gonçalo/ Fazenda Columbandê  e Capela de Santana.
Processo:212-T-39   -IPHAN
Livro:Belas Artes Vol.1-N° de Inscrição:285
N° da folha:49  - Data:23-03-1940



Fazenda Capão do Bispo

P.R .   Ponha-se na  rua! Ou vai queixar-se a mãe do Bispo.                                                                                                                                                                                     
      Estas frases seculares corroboram ,com um verdadeiro dilema,no Olimpo da Arqueologia Brasileira(IAB).Por falarmos em estudos arqueológicos no Brasil o IAB é cabedal de respeito,paladino profícuo das atividades técnicas científicas.É referência impar no labor de suas pesquisas, salva-guardando sítios importantíssimos da nossa história e pré-história.As pinturas rupestres na serra da Capivara no estado do Piauí,Luzia em Minas Gerais e aqui no Rio com a construção do Arco Metropolitano, ligando a estrada Rio-Bahia á Rio Santos, foram localizados mais de 36 sítios arqueológicos datados do século XVI ao XIX.Que é nosso como parte do patrimônio cultural brasileiro.
         E no 'Olimpo' do Capão do Bispo ou seja Instituto de Arqueologia Brasileira,ironicamente relembraremos dois momentos que concumitantemente, abalizam tais frases perpetuadas por séculos e usuais da nossa eclética história carioca.”Ponha-se na rua”, período joânino(1808-1821) e “vá queixar-se a mãe do Bispo”, 30 anos comandando a diocese carioca, o velho bispo ( 1775-1805). No século XVIII a maior autoridade eclesiástica da velha urbe colonial era o bispo e este se vivo estivesse teria hoje 280 anos, repousa nos braços da eternidade, sepultaram-no na capela do palácio Episcopal,no morro da Conceição,pertencente á antiga chácara da Mitra.
           Sua mãe a viúva dona Ana Teodora Ramos de Mascarenhas Castelo Branco ,matriarca da poderosa família Mascarenhas.Residia na esquina das ruas da Guarda-velha e Barbonos. Foi uma senhora de grande influência,junto a elite carioca e uma fiel colaboradora e intercessora junto ao filho, que através dela tornou-se padre e o primeiro bispo carioca em 1776.Resoluta em resolver querelas familiares, barganhas interesseiras com pessoas influentes  e claro divergências políticas ligadas ou não a diocese .Ficou conhecida como a”Mãe do Bispo”.Frases que perpetuaram-se no reclame da sarcástica insatisfação popular ,que o tempo faz questão de nos relembrar “Vá queixar-se com a mãe do Bispo”.                                                                    .            O Dr. José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco,na lista dos Capitulares da Arquidiocese do Rio de Janeiro,5° Deão,por apresentação de 13 de janeiro,provisão de 28 de junho e posse de 13 de julho de 1765,por procurador,até a sua posse de Bispo do Rio de Janeiro em 29 de abril de 1774.
          Já no século XIX, para serviço da Corte Real em 1808 a cidade esteve com um grande dilema.Alocar nobres fidalgos,secretários e militares de alta patente, além da família Real e o Augusto Príncipe-Regente. Valendo-se de uma carta assinada por  D. João o regente, tais nobres lideraram uma panacéia,aterrorizando inúmeras famílias cariocas, ou seja um comodato oturgatório, que aleatoriamente ocupavam belas residências, chácaras Solarengas e sobrados, obezequiando-se de muitos bens particulares .Foram confiscados a serviço da corte Real e pasmem pregavam em suas portas e sacadas a maldita sigla P.R. e  logo tais iniciais, tornou-se parodias pela irreverência carioca ''Ponha- se na rua''.
            E o exemplo vinha de cima,a chácara de Botafogo usada pela princesa Carlota Joaquina para seu deleitoso banho de mar,e furtivos encontros amorosos .Além da Quinta de São Cristovão da Boa Vista,antiga fazenda dos jesuítas que também foram expulsos, mais pelo poderoso ministro Marquês de Pombal no 3° quartel do século  XVIII. Foi “doada” ao príncipe D.João por Elias Lopes um rico comerciante traficante de escravos,e  este foi devidamente recompensado com comendas e fidalguias Reais, assim como a seus filhos, um enobrecimento "benemérito"concedido a muitos colaboradores da recém transmigrada Corte Real.
        Mais porque mais de 200 anos depois,relembraríamos de tais frases tão usuais dos nossos avós ? ,A  questão hoje é extremamente capiciosa,como as antigas querelas Joâninas, ponha-se na rua é coersão política,e intrigas palacianas é desrespeito a nossa memória histórica cultural,e tais questões abalizam hoje, um grande dilema no Olimpo da Arqueologia(IAB).Uma guerra de Titãs,travada na antiga casa do primeiro Bispo carioca, hoje Fazenda do Capão do Bispo(IPHAN x INEPAC).Os profissionais do IAB, Instituto Brasileiro de Arqueologia que 37 anos são mantenedores do  casarão foram notificados P.R,sem relevantes explicações a desalojar-se da propriedade, tombada pelo Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).E hoje foram expulsos do Capão. E o Bispo quem  era? "Uma jóia setecentista encrustada numa colina no coração do Subúrbio Carioca na estrada Real de  santa cruz "    Noronha Santos (1876-1954).                                                                                                                 
        São cinco sedes de fazendas,ou antigos engenhos no Rio de Janeiro que resguardam aspectos notáveis da arquitetura colonial rural.Todas com avarandado de colunas neo-clássicas; robustas como Viegas ,longelíneas com capitel pirâmidal no Engenho D'água  e toscanas como Taquara , Columbânde e Capão.  A fazenda do Capão do Bispo,que pertenceu ao bispo D. José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco,estendia-se outrora por vasta área de terras,limitada pelos morros do pedregulho e do telégrafo,ao sul; pela serra da misericórdia e pelo canal de Benfica,compreendendo os atuais distritos  municipais de Engenho Novo, Méier e Inhaúma,ao norte.Ficava na planície suburbana, com diversos vales ligeramente acidentados por baixas colinas,nas proximidades dos rios jacaré,Faria Timbó,que desaguam no litoral entre o canal de Benfica e o atual subúrbio de Bonsucesso,na Estrada de ferro Leopoldina Railway.Esta fazenda destacou-se  no século XVIII e XIX como cerne da cultura e propagação da rubiácia (café) no Rio de Janeiro .Esses apontamentos foram feitos pelo historiador Francisco Agenor NORONHA SANTOS em junho de 1947.Será que?"A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado",como diz Marc Bloch.
    O Instituto de Arqueologia Brasileira. O IAB é uma das mais tradicionais instituições de pesquisas arqueológicas no Brasil, pioneiro na luta pela preservação cultural do país. Criado em 1961, o instituto é presidido por Ondemar Dias, um dos mais renomados arqueólogos do país. A instituição presta serviços de arqueologia a instituições públicas e tem estado à frente das mais importantes descobertas registradas nos últimos 20 anos no Rio. Entre elas, a de uma paliçada (espécie de cerca que constituía uma fortificação), achada em 2007, no subsolo da igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Praça XV, no Centro do Rio, a primeira prova material da presença europeia no Rio antes mesmo da fundação da cidade, em 1565.O IAB tem grande importância, ainda maior nesse caso por estar inserida em uma região tão urbanizada, com comunidades com pouco acesso ao patrimônio histórico. Qual uso poderia ser melhor para a edificação que é patrimônio histórico, do que uma instituição que lida com ele como seu objeto de trabalho? Quem estaria mais apto a cuidar da edificação com o carinho e respeito que ela merece, do que aqueles que fazem disso sua profissão? Além disso, o IAB, que também funciona como um centro cultural, já que recebe estudantes e visitas guiadas, não pode apenas mudar de sede e deixar uma construção tombada e rica em sua história fechada ao acesso ao público.
O Capão do Bispo tem sua imagem indelevelmente associada às importantes ações do IAB em prol da arqueologia brasileira, associação esta impressa na memória da história do desenvolvimento da arqueologia no Brasil. Nada mais condizente, portanto, para um lugar de memória, que continuar essa histórica associação com o IAB.”Que vergonha!Que vergonha!
.Marcos André J.T.D.C.N.de Azevedo é historiador pela PUC RJ DIREITO Unesa,  coordenador do Noph-Jpa e Noph-Rj e pesquisador do IHGRJ.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Memórias de Quissamã

No principio da ocupação e desbravamento  de Quissamã foi erguida nas terras de Capivari  a Casa Mato de Pipa é a mais antiga da região. No clã Carneiro da Silva prevalecia a lei do "morgado"; os bens eram passados para os filhos mais velhos, já em 1800, José Carneiro da Silva o visconde de Araruama era dono absoluto das terras denominada Quissamã (Norte-Fluminense)outras propriedades foram construidas pela familia: Fazenda Mandiquera onde morou o Barão de Araruama.Infelizmente a fazenda de Quissamã, outra propriedade dos descendentes do primitivo clã  carneiro da silva, estava em ruínas no final do século XX. Intermináveis goteiras e o telhado infestado de cupins,abalizou uma reforma estrutural do Solar. Ou seja, a retirada de um denso véu de abandono e desrespeito á memória histórica de Quissamã.Mais quase 200 anos depois de sua construção,a luz da cultura ilumina novamente o velho Solar de Quissamã,preservar este belo exemplar da arquitetura colonial rural, com traços tomado da arquitetura francesa seria o inicio de um longo e árduo trabalho.E isto foi feito! 
 Certamente no passado, a aristocrásia rural não media esforços,para contratar renomados arquitetos na corte do Rio.Construir ou remodelar velhos casarões dos barões de açúcar do norte do Rio, era a forma de engordar os cofres desses proficionais,muito bem pagos no séc XIX.Era também construir socialmente o 'bem  receber' da corte, a suntuosidade da nobreza.Do clã primitivo dos Carneiro da Silva,ilustres famílias se ramificaram no norte fluminense.Tanto em Quissamã como em Campos dos Goitacases,destes nobres muitos ergueram fazendas e Solares,  enobreceram se com títulos dados pelo imperador.O 1° barão e visconde de Araruama.O conde de Araruama,que construiu o Solar de Quissamã em 1826,o barão de Ururaí,visconde de Quissamã ,a Baronesa de Vila Franca e Baronesa de Campos de Goitacases.Estes membros parentais,são descendentes do primitivo clã Carneiro da Silva do séc XVIII. 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Fazenda do Viegas




No século XVIII as terras do Engenho da Lapa, que posteriormente passou a ser denominada como Engenho do Viegas. A sede da fazenda e a capela de Nossa Senhora da Lapa foram erguidas em 1725, sendo este um dos estabelecimentos rurais mais importantes da época.

Foi no início do século XIX que a Fazenda do Viegas começou a substituir aos poucos o plantio da cana-de-açúcar pelo de café, sendo uma das precursoras da nova cultura agrícola. Após o declínio da atividade cafeeira no final do século XIX a região da Fazenda do Viegas teve como contribuição para sua urbanização a construção do ramal ferroviário de Santa Cruz, em 1890, e a implantação da Companhia Progresso Industrial do Brasil, conhecida como Fábrica Bangu, em 1893.

Hoje, tombada pelo patrimônio histórico desde 1938, a Fazenda do Viegas é um exemplar rural fluminense do período colonial e uma área de preservação ambiental. A sede foi transformada em Parque Municipal em 1996, e oferece aos visitantes uma vegetação nativa onde se pode observar o ipê-amerelo, a paineira, bem como palmeiras imperiais nas áreas próximas às edificações. Também é possível fazer trilhas no parque em meio a fauna local que compreende espécies como o pica-pau-do-campo, o bem-te-vi e o beija-flor lesoutão.

O parque, que tem uma área de 9,5 hectares, está aberto também para visitas escolares e fica na Rua Marmiari, 121. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Visita a Casa sede do Engenho Viegas em 20/04/2000

sexta-feira, 29 de abril de 2011



Solar dos Viscondes de Asseca, reconstruido no ínicio do século XVII, pelo general Salvador Correa de Sá e Benevides ( O velho ), restaurador de Angola, primeiro aucaide-mor do Rio de Janeiro, almirante do mar do sul, capitão-mor e governador do RJ ( 1637), falecido 01/01/1688 com 94 anos de idade. O Engenho D'Água o mais antigo da cidade do RJ, ainda que estruturalmente está nas detidas proporções no pilar ,de nosso patrimônio histórico abandonado  esquecido este esta em bom estado de conservação.Foi nobre propriedade de Fidalgos da Coroa dentre os quais o 1° Visconde de Asseca Martim Correa de Sá,( O rei do açúcar da velha baixada de Jacarepaguá)  e o ultimo nobre proprietário do solar foi Antonio Maria Correa de Sá e Benevides Velasco da Camara 8° visconde de Asseca. No século XIX descendentes da poderosa familía Telles de Meneses, compra o engenho d'água em 1852. Já no 3° quartel do século XIX o patriarca da familia Francisco Pinto da Fonseca Telles( Barão da Taquara) 1839/1918 , foi um dos ultimos proprietários. A arquitetura do casarão branco de dois andares de portas e janelas azuis com capela anexada à residência do lado esquerdo, da varanda da entrada principal, este raro exemplar de construção colonial rural, é uma das casas mais antigas do Brasil. Seu estilo colonial avarandado com colunas de alvenaria com capitéis quadrangulares,com cobertura de telha-vã; remonta o explendor do antigo engenho de cana - de - açúcar do nosso velho oeste Carioca.
- Noronha Santos ( 1876/1954) em seu livro Crônicas da cidade do Rio de Janeiro, Página: 174 diz:"Em 1940 a área total da fazenda ascendia a 15.251.630. m² , a casa do antigo solar esta situada entre as estradas do Gabinal, e rua Egard Werneck. circundada pela avenida Tenente Coronel  Muniz de Aragão." O antigo solar dos viscondes de Asseca e Barões da Taquara ; estar sem nenhuma indentificação histórica. Hoje este antigo casarão é claramente notado por causa  da construção da linha amarela, que reduziu sua área entorno,e foi a ultima intervenção urbana da municipalidade.Ao ir á Barra da Tijuca pela estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, antigo caminho do Vice-Rei  avista-se no cume da colina nossa joia colonial seiscentista Engenho D'Água tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artistico Nacional ( IPHAN) em 1938. Desde então os descendentes dos Fonseca Telles são "mantenedores" deste importantissímo patrimônio histórico.




 


sexta-feira, 4 de março de 2011

Noph-RJ Quissamã

Hoje é o Museu casa Quissamã.Construido pelo Visconde de Araruama em 1826,com a riqueza gerada pela cana de  açúcar em áureos tempos,recebia em seus salões a nobreza da corte ,e a augusta família imperial.O anexo au lado infelismente não existe mas quando pelas lentes do francês Victor Frond imortalizou esta bela cena, do cotidiano do Brasil rural, com a escravidão sendo a mola motriz de velhas oligarquias açúcareiras.Afinal,como disse Gilberto Freiyre,"o  Brasil nasceu e cresceu econômicamente e socialmente com o açúcar".

Uma das mantenedoras deste belo exemplar de arquitetura rural é Dona Célia A. Azevedo, herdeira do barão de vila franca. Como descendente autêntica  da nobreza aristocrática, teria direitos legais de perpetuar em Quissamã o velho paradigma de Gilberto Freyre " Casa-grande & Senzala". Abdicou do conforto e o fausto da casa grande, tornando-se como seu maior bem, o partilhar, transformando em MUSEU-CASA a antiga Fazenda Quissamã depois da restauração da arquitetura e do mobiliário. Redimindo-se mesmo que involuntáriamente a ordem de um taciturno período da nossa história. Agora relembrar a mola motriz do velho ciclo do açúcar, não é o negro seu suor e suas lágrimas. Hoje o doce açúcar de Quissamã é partilhar sua memória. É um grande exemplo a ser seguido !

terça-feira, 1 de março de 2011

O velho Rio Carioca


O velho Rio Carioca



"A fonte do que bebem os vizinhos da cidade é um copioso rio, chamado Carioca; De puras e cristalinas águas depois de penetrarem corações de muitas montanhas, se despenhavam por altos ricos uma légua distante da cidade. È fama acreditada entre os seus naturais que esta água faz vozes suaves nos músicos e mimosos carrões nas damas"Sebastião da Rocha Pita (1724).
Um documento raríssimo, um manuscrito de um português arcaico esquecido, adormecido num arquivo, por quase quatro séculos, trazemos hoje a luz. Esse documento protegia um rio que virou apelido de todos os habitantes nascidos na capital da cidade do Rio de Janeiro – Carioca.
Essa carta de Sesmaria passada pela câmara dos vereadores no 1° quartel do século XVII ao nobre fidalgo
Dom Francisco de Pina  em 16 de fevereiro em 1611, diz: "Com tal que ele não fará prejuízo e água da dita Carioca, antes a terá limpa como se requer e não plantará coisa alguma assim de roça como de bananais e legumes e as mais coisas que se plantam. Ao longo do dito Rio ficarão cobertas de mato virgem, o qual não derrubará, nem se cortará de maneira que esteja sempre em pé, e quando servir-se do dito Rio com sua água assim para beber e lavar a roupa fará na parte e lugar para isso".
Por quê ? 400 anos depois essa fonte primária, essa relíquia manuscrita, merece uma atenção profícua. Certamente esse valioso documento destaca um olhar inicialmente rigoroso da municipalidade colonial, com a proteção ambiental, abalizado pela câmara de vereadores.
Esse documento, podemos assim dizer, que é a certidão de nascimento da nossa hoje legislação ambiental, ou seja, proteger as águas do Rio Carioca era dever político com o bem estar social. Ao longo dos séculos os moradores do Rio deveriam proteger as matas ciliares, assegurar vida aos seus afluentes. Cuidar dos mananciais era dever dos moradores da velha Urbe carioca. Naquele momento o Rio Carioca era fonte aquífera de água boa de toda cidade do Rio de Janeiro ou a mais importante, pois no 1° quartel do século XVII o término do rio estava sofrendo sérias degradações ambientais e a foz do velho rio já estava poluída.

Beber da nascente era privilégio de poucos, e poucos se aventuravam em buscar água dentro da floresta. O Rio Carioca nasce na Serra do Corcovado pela altura das paineiras e vem serpenteando pelo Vale das Laranjeiras, divide-se em dois braços, um dos quais tem foz, no Flamengo, próxima à antiga amendoeira e o outro desemboca junto ao Outeiro da Glória. Esse último é designado pelo nome de Catete.
O Rio Carioca tem suas nascentes nas palmeiras, na chamada Lagoa dos Porcos. Pouco abaixo recebe dois afluentes: Pela margem direita nas proximidades na Ladeira do Ascurra, o Silvestre e, pela esquerda o Lagoinha, os dois mais importantes embora ambos não passem de pequenos riachos incrustados na densa floresta.
Próximo à foz do Carioca existia a famosa "Casa de Pedra", a que se referem os antigos, dando Gonçalo Coelho como construtor. Atribui-se o nome que os Tamoios chamavam CARIOCA – "Casa de branco". Diz-se também, a origem "Acary-Oca" designar peixes abundantes chamados "cascudos". Corroborando com a matéria postada pelo IHJA.
Por melhoramentos urbanos, este braço de rio foi no começo do século XX, soterrado sob as galerias construídas pelo então jovem engenheiro Eugênio Gudim, na reforma Pereira Passos. Um dos problemas prementes do Rio de Janeiro foi sempre a do abastecimento de água potável, pela distância e escassez dos mananciais os antigos habitantes, desde a fundação, mandavam buscar por seus escravos na ribeira do Carioca, seja no Vale ou também na aguada dos marinheiros na praia do Flamengo.
No ano de 1617 foram determinadas as primeiras providências para canalização da água do rio Carioca,por Constatino Nemelau. Já no ano de 1624, com Martim Correia de Sá foram dados passos importantes para a capitação das águas do Rio Carioca, por meio de calhas de madeira ao longo dos morros. Infelizmente o contratante nunca realizou a obra projetada.
Em 1673, com a presença do governador João da Silva e Sousa, depois de rezada a missa no altar armado no local, foram iniciadas finalmente as obras de adução das águas da Carioca. A câmara contratou a construção de um encanamento de pedra e  cal que deveria trazer a água até o morro do desterro, em Santa Tereza. Pela carta régia. Em 1677 de 3 de julho, determinou o rei que fossem ativadas com toda diligência as obras em andamento para adução das águas da Carioca. Sucessivos governos deram andamento a tal importante empreendimento. Como no governo de Aires Saldanha Albuquerque Coutinho Matos de Noronha (1719-1725), teve inicio a construção dos "Arcos da Carioca", construção esta descuidada apresentando indícios de ruína pelo traço tortuoso e imperfeito mais felizmente em 1723, jorrou água fartamente nas 16 torneiras de bronze, no Chafariz de mármore de Lioz que veio de Lisboa por encomenda Aires Saldanha. Infelizmente tal obra arruinou-se ao longo do trajeto,tendo novamente a cidade o velho problema de abastecimento de água potável. Mas somente no 2° Quartel do século XVIII a administração pública empenhou-se em resolver o grande problema da antiga Urbe Carioca. No governo de Gomes Freire de Andrade (Conde de Bobadela) (1733/1763), com o risco arquitetônico do então arquiteto Brigadeiro Alpoim no esforço hercúleo de ambos, ergue-se  nossa jóia setecentista, com seus arcos longilíneos brancos imponentes,de pedra e cal. É, como assina-la Moreira de Azevedo, " A maior obra monumental empreendida no Rio de Janeiro durante os tempos coloniais." Com inscrição lapidar gravada em um dos seus arcos.Hoje cartão postal do Rio de Janeiro.
Os velhos arcos condutor da água do antigo rio Carioca,hoje em término de restauro,repousa firmemente sobre a boemia Lapa.  E o velho rio quase todo canalizado por reformas urbanísticas, estará sempre nos corações de todos os cariocas. Lamentavelmente, foi o não cumprimento deste valioso documento, de quase 400 anos atrás, entregue ao nobre fidalgo Dom Francisco, que posteriore arruinou, a potabilidade ou seja a vida do mais importante Rio da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Infelizmente a foz do rio tornou-se insalubre. Hoje do rio Carioca temos velhas lembranças, das lavadeiras, aguadeiros escravos do século XIX, e os velhos pescadores que tiravam o seu sustento do velho rio. Já no século XX a municipalidade valeu-se outros rios para o abastecimento da cidade, como o Maracanã. Beber água do velho rio Carioca, hoje é idílica utopia, é contar histórias de um tempo que parece para sempre acabado. Conhecê-lo, valorizá-lo faz parte do profícuo labor que o historiador tem a "ventura ou desventura" de encontrar.
 
 Marcos André D.C.N de Azevedo: Historiógrafo