P.R . Ponha-se na rua! Ou vai queixar-se a mãe do Bispo.
Estas frases seculares corroboram ,com um verdadeiro dilema,no Olimpo da Arqueologia Brasileira(IAB).Por falarmos em estudos arqueológicos no Brasil o IAB é cabedal de respeito,paladino profícuo das atividades técnicas científicas.É referência impar no labor de suas pesquisas, salva-guardando sítios importantíssimos da nossa história e pré-história.As pinturas rupestres na serra da Capivara no estado do Piauí,Luzia em Minas Gerais e aqui no Rio com a construção do Arco Metropolitano, ligando a estrada Rio-Bahia á Rio Santos, foram localizados mais de 36 sítios arqueológicos datados do século XVI ao XIX.Que é nosso como parte do patrimônio cultural brasileiro.
E no 'Olimpo' do Capão do Bispo ou seja Instituto de Arqueologia Brasileira,ironicamente relembraremos dois momentos que concumitantemente, abalizam tais frases perpetuadas por séculos e usuais da nossa eclética história carioca.”Ponha-se na rua”, período joânino(1808-1821) e “vá queixar-se a mãe do Bispo”, 30 anos comandando a diocese carioca, o velho bispo ( 1775-1805). No século XVIII a maior autoridade eclesiástica da velha urbe colonial era o bispo e este se vivo estivesse teria hoje 280 anos, repousa nos braços da eternidade, sepultaram-no na capela do palácio Episcopal,no morro da Conceição,pertencente á antiga chácara da Mitra.
Sua mãe a viúva dona Ana Teodora Ramos de Mascarenhas Castelo Branco ,matriarca da poderosa família Mascarenhas.Residia na esquina das ruas da Guarda-velha e Barbonos. Foi uma senhora de grande influência,junto a elite carioca e uma fiel colaboradora e intercessora junto ao filho, que através dela tornou-se padre e o primeiro bispo carioca em 1776.Resoluta em resolver querelas familiares, barganhas interesseiras com pessoas influentes e claro divergências políticas ligadas ou não a diocese .Ficou conhecida como a”Mãe do Bispo”.Frases que perpetuaram-se no reclame da sarcástica insatisfação popular ,que o tempo faz questão de nos relembrar “Vá queixar-se com a mãe do Bispo”. . O Dr. José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco,na lista dos Capitulares da Arquidiocese do Rio de Janeiro,5° Deão,por apresentação de 13 de janeiro,provisão de 28 de junho e posse de 13 de julho de 1765,por procurador,até a sua posse de Bispo do Rio de Janeiro em 29 de abril de 1774.
Já no século XIX, para serviço da Corte Real em 1808 a cidade esteve com um grande dilema.Alocar nobres fidalgos,secretários e militares de alta patente, além da família Real e o Augusto Príncipe-Regente. Valendo-se de uma carta assinada por D. João o regente, tais nobres lideraram uma panacéia,aterrorizando inúmeras famílias cariocas, ou seja um comodato oturgatório, que aleatoriamente ocupavam belas residências, chácaras Solarengas e sobrados, obezequiando-se de muitos bens particulares .Foram confiscados a serviço da corte Real e pasmem pregavam em suas portas e sacadas a maldita sigla P.R. e logo tais iniciais, tornou-se parodias pela irreverência carioca ''Ponha- se na rua''.
E o exemplo vinha de cima,a chácara de Botafogo usada pela princesa Carlota Joaquina para seu deleitoso banho de mar,e furtivos encontros amorosos .Além da Quinta de São Cristovão da Boa Vista,antiga fazenda dos jesuítas que também foram expulsos, mais pelo poderoso ministro Marquês de Pombal no 3° quartel do século XVIII. Foi “doada” ao príncipe D.João por Elias Lopes um rico comerciante traficante de escravos,e este foi devidamente recompensado com comendas e fidalguias Reais, assim como a seus filhos, um enobrecimento "benemérito"concedido a muitos colaboradores da recém transmigrada Corte Real.
Mais porque mais de 200 anos depois,relembraríamos de tais frases tão usuais dos nossos avós ? ,A questão hoje é extremamente capiciosa,como as antigas querelas Joâninas, ponha-se na rua é coersão política,e intrigas palacianas é desrespeito a nossa memória histórica cultural,e tais questões abalizam hoje, um grande dilema no Olimpo da Arqueologia(IAB).Uma guerra de Titãs,travada na antiga casa do primeiro Bispo carioca, hoje Fazenda do Capão do Bispo(IPHAN x INEPAC).Os profissionais do IAB, Instituto Brasileiro de Arqueologia que 37 anos são mantenedores do casarão foram notificados P.R,sem relevantes explicações a desalojar-se da propriedade, tombada pelo Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).E hoje foram expulsos do Capão. E o Bispo quem era? "Uma jóia setecentista encrustada numa colina no coração do Subúrbio Carioca na estrada Real de santa cruz " Noronha Santos (1876-1954).
São cinco sedes de fazendas,ou antigos engenhos no Rio de Janeiro que resguardam aspectos notáveis da arquitetura colonial rural.Todas com avarandado de colunas neo-clássicas; robustas como Viegas ,longelíneas com capitel pirâmidal no Engenho D'água e toscanas como Taquara , Columbânde e Capão. A fazenda do Capão do Bispo,que pertenceu ao bispo D. José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco,estendia-se outrora por vasta área de terras,limitada pelos morros do pedregulho e do telégrafo,ao sul; pela serra da misericórdia e pelo canal de Benfica,compreendendo os atuais distritos municipais de Engenho Novo, Méier e Inhaúma,ao norte.Ficava na planície suburbana, com diversos vales ligeramente acidentados por baixas colinas,nas proximidades dos rios jacaré,Faria Timbó,que desaguam no litoral entre o canal de Benfica e o atual subúrbio de Bonsucesso,na Estrada de ferro Leopoldina Railway.Esta fazenda destacou-se no século XVIII e XIX como cerne da cultura e propagação da rubiácia (café) no Rio de Janeiro .Esses apontamentos foram feitos pelo historiador Francisco Agenor NORONHA SANTOS em junho de 1947.Será que?"A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado",como diz Marc Bloch.
O Capão do Bispo tem sua imagem indelevelmente associada às importantes ações do IAB em prol da arqueologia brasileira, associação esta impressa na memória da história do desenvolvimento da arqueologia no Brasil. Nada mais condizente, portanto, para um lugar de memória, que continuar essa histórica associação com o IAB.”Que vergonha!Que vergonha!
.Marcos André J.T.D.C.N.de Azevedo é historiador pela PUC RJ DIREITO Unesa, coordenador do Noph-Jpa e Noph-Rj e pesquisador do IHGRJ.
fantástico o artigo!!!
ResponderExcluirGrato.
ExcluirAv Dom Helder Câmara n:4616 Del Castilho.
ResponderExcluir